15 novembro 2011

Mais alto.

Carruagens quase desertas. Não é de espantar. É hora de almoço.
Desci para o andar de baixo, procurei uma cadeira virada de frente para o sentido de marcha. De costas para o que está pela frente, só aos remos de um barco.
Sentei-me.
Os phones em riste nas orelhas.
Lá tentei acomodar as duas malas que levava comigo. Computador numa; caderno, agenda e livros, noutra. Aquilo a que a minha avó chamava uma "mula de carga".
Alheado que ia, só um pouco depois da composição arrancar reparei numa senhora, sentada do outro lado do corredor, que, ao telefone, suplicava qualquer coisa que não consegui perceber, chorando desalmadamente.
Que pena! - pensei.
Decidi não olhar para o lado fazendo de conta que nada se passava.
Não há coincidências!
Se aquela mulher e eu estávamos ali, no mesmo sítio, à mesma hora (e lembrando a máxima: Só está quem tem que estar; onde tem que estar; e quando tem que estar), decidi dirigir-me à sua egrégora espiritual pedindo autorização para o que a seguir fiz: rosa e branco de um cardíaco para outro, violeta envolvendo todos os seus corpos.
E pedi-lhe:
- Minha irmã: deixa fluir em ti e através de ti a energia do universo, o sopro de Deus, pois que ambos mais não são do que expressões diversas de uma única e mesma coisa.
E assim foi, da ponte 25 de Abril até Sete Rios.
Parou de chorar? Parou!
Saiu mais calma? Saiu!
Foi consequência da projecção de energia? Não sei!
Sei que o propósito foi bom. Sei que me fez/faz muito sentido o acto de fazer bem, sem olhar a quem.
Diz-se que a modéstia manda guardar para nós as nossas boas acções. Discordo em absoluto. E por várias razões. As nossas ditas "boas acções" deviam ser entendidas, não como tal, mas como obrigações. Compete-nos a todos, cientes que possamos estar da nossa condição, tentar, sempre que possível, auxiliar a evolução de todos aqueles com quem nos cruzamos. Se estão, ou não, em condições de ser ajudados ou de, sequer, o merecer, já é algo que nos transcende.
Teremos feito o que pudermos.
E quanto ao guardar para nós o que de bom fazemos... Há que apregoá-lo aos quatro ventos. Levemos connosco tantos quantos pudermos neste caminho do bem fazer, do bem gostar.
É este o caminho que nos permitirá subir, um dia de cada vez, um degrau de cada vez, até onde onde os cegos vêem e as ruas são douradas...

Can you take me higher?
To a place where blind men see.
Can you take me higher?
To a place with golden streets.


Higher
Creed
 

is where my documents live!