30 janeiro 2010

STOP


Ontem jantei no Restaurante STOP em Campo de Ourique.

Excelente carne de porco à Alentejana e o vinho da casa sempre ao seu melhor nível. Enfim!... uma refeição monotonamente agradável pela falta de surpresa que a contínua qualidade daquela casa nos inspira, vez sim, vez sim.

Mas ontem...

Ontem foi dia de o jantar se ver inexoravelmente secundarizado pela materialização de uma das obras de um mestre renascentista.

Eu juro a pés juntos que a Vénus de Sandro Botticelli jantou ontem no Restaurante STOP de Campo de Ourique..

Leituras

No frio, um frio agudo e seco, em que perpassavam névoas ténues de humidade e um cheiro a terra, mais que embebida, varrida pelo ímpeto das águas, abri os olhos. A escuridão da noite começava a receber dentro de si uma claridade difusa que não se definia ainda no horizonte para que, depois de entrever, com a sensação da testa pousada nos braços, os calcanhares enlameados da bota e do pé descalço, levantei lentamente a cabeça que, por sua vez, arrastou o olhar. Ao longe, na distância, acumulavam-se nuvens que fitei com olhos desfocados a esforçarem-se por distingui-las. Um tremor muito rápido me percorreu. Não tinha morrido.

"As ites e o Regulamento" in Jorge de Sena, Os Grão-Capitães

29 janeiro 2010

Para uma amiga...

Revista de Imprensa. É só rir...

Bin Laden preocupado com aquecimento global

A partir de agora os bombistas da Al-Qaida apenas terão como alvo aviões com os depósitos de gasolina na reserva, de modo a que o efeito das explosões não se revele tão nocivo para o meio-ambiente.

Mário Soares considera incontornáveis negociações com os taliban no Afeganistão

Mas haverá alguma coisa neste santo planeta sobre a qual este personagem não tenha opinião? Um dia gostava de lhe perguntar o que acha sobre a promiscuidade sexual entre amibas.

OTAN matou Imã por erro em Cabul

Ups!

Polícia investiga vídeo em que homem beija galinha no Metro

Não há direito! Isto tem que acabar.
Não à exploração sexual das galinhas: quem quiser ovos que os ponha!


(E nem me atrevo a ler mais porque já estou aqui que não me tenho)

28 janeiro 2010

Por falar nisso...

Um dia volto ao Asas do Desejo. É um dos meus filmes 10+. Seria uma injustiça não o fazer.
Fica a promessa.

Sons



Jude I Know
OST do filme Cidade dos Anjos (City Of Angels, Brad Silberling, 1998). Remake do filme Asas do Desejo (Der Himmel über Berlin, Wim Wenders, 1987).

[Este vídeo tem um pequeno bug sonoro, mas foi o único de jeito que encontrei]

!...

Ia levar o meu filho (10 anos fresquinhos) à escola:

- Pai, baixa-me esta crista no cabelo. Está a estragar-me o style!

Porra! Estou velho!

27 janeiro 2010

Por vezes...

Por vezes apetecia-me chorrilhar. Isso mesmo... chorrilhar.

Abrir a goela e proferir, alimentado por um fôlego ininterrupto vindo sabe-se lá de onde, um contínuo de impropérios contra mim próprio.

É karma; motivo de aprendizagem; estratégia de evolução? Talvez. Mas às vezes sabe bem gritar "Puta que pariu tudo isto!". É libertador, renova o espírito e, embora nem sempre surta os resultados almejados, alinha os chacras, os meridianos e os pontos de acupunctura.

E assim vou eu, numa espécie de hula-hula cerebral, tentando segurar as travessas em ambas as mãos sem deixar cair os copos.

Um amor, velho e inconformado para mim, morto e enterrado para ela; as angústias da espera - espera por respostas, por perspectivas de futuro, por pontos de fuga...

Um pouco de normalidade vinha a calhar.

Dou por mim a rir de outro tanto. O contra-senso inerente... Alguém que advoga a diversidade e a alteridade como valores dinâmicos e propiciadores de mudança anseia agora por um pouco de normalidade. Teria querido dizer estabilidade ao invés de normalidade? Provavelmente o erro estará na escolha de palavras ou - melhor e mais cómodo - o erro está em mim.

É uma travessia. Mas por vezes...

Sons

26 janeiro 2010

Fitas


Quem não viu no cinema pode aproveitar agora que se encontra disponível para aluguer.

Leituras

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes
Antologia Poética

25 janeiro 2010

Leituras

UMA POLÍTICA DE CIVILIZAÇÃO

Edgar Morin et Samir Naïr. Instituto Piaget. s.d.


Relembrei hoje com agrado esta magnífica leitura. Vd.

Tal como é necessário estabelecer uma comunicação viva e permanente entre passado, presente e futuro, também é preciso estabelecer uma comunicação viva e permanente entre as singularidades culturais, étnicas, nacionais e o universo concreto de uma Terra pátria de todos.

Se puderem ler... vão ver que vão gostar. Por vezes é preciso que a evidência se nos esmague na testa como um insecto no pára-brisas de um carro a alta velocidade...

Leituras

Nós somos o que sonhamos ser,
e isso não é tanto uma meta,
senão uma energia.

Cada dia é uma crisálida,
cada dia ilumina uma metamorfose.

Caímos, levantamo-nos,
cada dia a vida começa de novo.

A vida é um acto de resistência e reexistência.
Vivemos, revivemos.

Mas tudo isso tem uma memória.
Nós somos aquilo que recordamos.
A memória é a nossa morada nómada,
como plantas ou aves migratórias.

As memórias têm a estratégia da luz:
seguem em frente;
assim como o remador se desloca de costas para poder ver melhor.

Há uma dor, como uma dor de dentes,
como uma perda física.

E é perder alguma recordação que queremos,
essas fotos imprescindíveis no álbum da vida.

Por isso existe uma classe de melancolia que não agarra,
mas que alimenta a liberdade.

É nessa melancolia, como espuma nas ondas,
que nascem os sonhos.


Manuel Rivas

Aquela saudade...

Será que é de repegar nisto?

De quando em vez bate aquela saudade de vir aqui largar umas larachas...

Estou hesitante... hesito... e volto a hesitar...

Vou beber mais um irish (que não coffee) e depois voltarei com a decisão.

Bjs e abraços
 

is where my documents live!