Nós somos o que sonhamos ser,
e isso não é tanto uma meta,
senão uma energia.
Cada dia é uma crisálida,
cada dia ilumina uma metamorfose.
Caímos, levantamo-nos,
cada dia a vida começa de novo.
A vida é um acto de resistência e reexistência.
Vivemos, revivemos.
Mas tudo isso tem uma memória.
Nós somos aquilo que recordamos.
A memória é a nossa morada nómada,
como plantas ou aves migratórias.
As memórias têm a estratégia da luz:
seguem em frente;
assim como o remador se desloca de costas para poder ver melhor.
Há uma dor, como uma dor de dentes,
como uma perda física.
E é perder alguma recordação que queremos,
essas fotos imprescindíveis no álbum da vida.
Por isso existe uma classe de melancolia que não agarra,
mas que alimenta a liberdade.
É nessa melancolia, como espuma nas ondas,
que nascem os sonhos.
Manuel Rivas
25 janeiro 2010
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1 comentário:
Ora seja bem vindo de volta!
Mal traduzido ou não é um texto lindíssimo!
E, por favor... continua!
Jitos
Sandra
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