Apreciar os que são dignos de apreço entre tanta mediocridade balôfa, sabe o povo muita vez; os governos quase nunca. As provas seriam de sobejo para encher volumes neste Portugal, onde Camões morreu numa enxerga, mas onde qualquer agiota tem a comenda de Cristo.
João da Câmara, in Revista O Occidente, nº 707, 20.08.1898, p. 186.
Naquele tempo o povo não votava todo. E hoje, qual é a desculpa?
11 maio 2012
10 maio 2012
Escolhas
Sentado à mesa do Simão.
Uma mesa com tampo de azulejos de parede. Os bancos, corridos, forrados ao mesmo estilo, com estofos em pavimento cerâmico.
Uma travessa de petingas, ainda meio secas... Salvou-se a salada de tomate com pimentos.
Estreei a época de esplanada, debaixo de uma rede verde por onde tentam, ingloriamente, progredir videiras bravas.
A aragem fresca, que persiste, faz percurso inverso à localização de um vaso repleto de magnifica hortelã, que tenho mesmo à minha frente. Não saio sem levar uma folha.
São poucos mas inusitados os sítios ou as circunstâncias que nos levam a viajar interiormente. Comigo acontece, por exemplo, enquanto espero a comida que encomendei.
E foi assim, na expectativa de uma dúzia de sardinhas juvenis, que aflorou um recado recebido ainda não há muitos dias: "escolhe!" - disseram-me.
A vida é um rio que percorremos aos saltos de uma margem para outra. A escolha acontece quando paramos a meio do caudal de água e ficamos, qual rosa-dos-ventos numa carta de marear, sem saber qual o rumo a seguir. Esse é o ponto que marca o nosso livre arbítrio. Sabemos que o rio corre sem apelo nem agravo numa única direcção mas não nos livramos da responsabilidade de traçar direcções, destinos parciais.
Dei por mim a pensar que as escolhas se fazem não apenas no que concerne ao sentido de marcha mas também em relação ao tempo de decisão. Vou por aqui ou por ali? Para a frente? Para trás?... Vou já? Vou mais logo?
"Escolhe!"
Claro que sim. Mas escolho mais logo! Agora não me apetece. Apetece-me, isso sim, esperar um pouco.
Esperare
Presuntos Implicados
Uma mesa com tampo de azulejos de parede. Os bancos, corridos, forrados ao mesmo estilo, com estofos em pavimento cerâmico.
Uma travessa de petingas, ainda meio secas... Salvou-se a salada de tomate com pimentos.
Estreei a época de esplanada, debaixo de uma rede verde por onde tentam, ingloriamente, progredir videiras bravas.
A aragem fresca, que persiste, faz percurso inverso à localização de um vaso repleto de magnifica hortelã, que tenho mesmo à minha frente. Não saio sem levar uma folha.
São poucos mas inusitados os sítios ou as circunstâncias que nos levam a viajar interiormente. Comigo acontece, por exemplo, enquanto espero a comida que encomendei.
E foi assim, na expectativa de uma dúzia de sardinhas juvenis, que aflorou um recado recebido ainda não há muitos dias: "escolhe!" - disseram-me.
A vida é um rio que percorremos aos saltos de uma margem para outra. A escolha acontece quando paramos a meio do caudal de água e ficamos, qual rosa-dos-ventos numa carta de marear, sem saber qual o rumo a seguir. Esse é o ponto que marca o nosso livre arbítrio. Sabemos que o rio corre sem apelo nem agravo numa única direcção mas não nos livramos da responsabilidade de traçar direcções, destinos parciais.
Dei por mim a pensar que as escolhas se fazem não apenas no que concerne ao sentido de marcha mas também em relação ao tempo de decisão. Vou por aqui ou por ali? Para a frente? Para trás?... Vou já? Vou mais logo?
"Escolhe!"
Claro que sim. Mas escolho mais logo! Agora não me apetece. Apetece-me, isso sim, esperar um pouco.
Esperare
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