23 janeiro 2007

De certeza?

Têm a certeza absoluta que esta história se passou na Bósnia? Não terá sido cá?

Diz-se por aí...

Dizem os americanos: "We have George Bush, Stevie Wonder, Bob Hope, and Johnny Cash."
Respondem os portugueses: "We have José Socrates, no wonder, no hope, and no cash.

18 janeiro 2007

12 janeiro 2007

Olhem p'ra estes!...

Portugal passou a ser apontado por Bruxelas como o exemplo a não seguir pelos países que vão aderir ao euro. Mais do que procurar responsáveis políticos, o País deve envergonhar-se e assumir isso como uma derrota colectiva.
Paulo Ferreira in Público
Não foi a justiça do Iraque que prendeu Saddam Hussein, não foi a justiça do Iraque que o vigiou e sentou no banco dos réus. Foram todos os que se associaram, com mais ou menos tropas, mais ou menos convicção, à invasão do Iraque. Foram os americanos, os ingleses, os espanhóis, os portugueses.
Joaquim Fidalgo in Público
Agora pergunto: que culpa tenho eu de toda a matéria fecal produzida pelos governantes deste país? Eu nem sequer votei neles.
E fui eu que sentei o Saddam no banco dos réus? Eu, que sou eu, não arranjo dois minutos para me sentar a comer uma refeição descansada.
Senhores jornalistas: essa história de que as derrotas e as asneiras são para assumir pela equipa toda são boas para balneário de equipa de futebol e só ajudam a fazer proliferar uma cultura de desresponsabilização. Ninguém assume os maus resultados e as asneiras. Quando, por milagre, acontece o contrário, vêm todos a correr gritando "Fui eu, fui eu!". Entretanto, nas trincheiras, fica sempre o colectivo nacional, figura sem personalidade própria e capaz de suster pancadaria proveniente de todos os quadrantes sem sequer uma nódoa negra.
A esse discurso, meus senhores, chama-se, muito simplesmente, DEMAGOGIA.
Das duas uma: ou se assumem como meros veiculadores de informação ou como fazedores de opinião. No primeiro dos casos têm a responsabilidade de informar sem obscurantismo e sem ocultar os nomes dos responsáveis. No segundo têm, que mais não seja, a obrigação pedagógica e cívica de não promover a ideia de que é normal deixar a culpa morrer solteira.

02 janeiro 2007

Somos as "Personalidades do Ano" 2006

Para quem ainda não percebeu porque é que a revista Time elegeu todos os internautas como a "Personalidade do ano" de 2006, vejam um extraordinário exemplo daquilo que, todos juntos, podemos fazer.
Há uns meses atrás a cantora norte-americana Terra Naomi lançou no seu site um desafio a todos os utilizadores. A ideia consistia em realizar um vídeo clip para a sua canção Say it's possible utilizando pequenos vídeos feitos pelas mais diversas pessoas, espalhadas por todo o mundo. As únicas condições colocadas neste desafio eram:
- Que fosse visível uma resposta (em três palavras ou menos) à pergunta "O que é que farias ou quererias se tudo fosse possível?";
- Que o vídeo tivesse um máximo de 15 segundos;
- Que o ficheiro não tivesse mais de 10 Megas.
Vejam o resultado e digam de vossa justiça.

01 janeiro 2007

Fitas

O meu filme de final de ano foi Clerks II ou, para consumo interno, Nunca tantos fizeram tão pouco.
Com a responsabilidade de dar sequência a Clerks, entretanto alçado a filme de culto, Kevin Smith não nos desaponta, realizando um filme simplesmente espectacular.
Façam um (grande) favor a vous memes e passem pelo clube de vídeo mais próximo. Garanto-vos gargalhadas até ao limite de sustentabilidade das vossas bexigas.

Leituras

As velas ardem até ao fim

Acabadinho de ler este magnífico romance do escritor húngaro Sándor Márai. Trata-se de uma prosa profunda e sufocante que maravilha pela sua riqueza lexical e pela exploração da gramática de forma bastante ampla. Talvez por isso seja igualmente de reconhecer a importância da tradução de Mária Magdolna Demeter.
É um livro que impressionará mais pelo estilo do que pelo conteúdo. Aborda uma história de amizade platónica entre dois homens, daquelas coisas sobre as quais se costuma dizer: "só nos filmes" ou, neste caso e com mais propriedade, "só nos livros".
Para quem, como eu, gosta da escrita pela escrita, recomendo vivamente.
O meu exemplar pertence à 11ª edição, o que significará alguma coisa.
Deixo-vos três passagens da obra.

É a maior tragédia, com que o destino pode castigar o homem. O desejo de ser outro, diferente daquilo que somos: não pode arder um desejo mais doloroso no coração humano. Porque não é possível suportar a vida de outra maneira, apenas sabendo que nos conformamos com aquilo que significamos para nós próprios e para o mundo. Temos de nos conformar com aquilo que somos e de ter consciência, quando nos conformamos, de que em troca dessa sabedoria, não recebemos elogios da vida, não nos põem no peito nenhuma condecoração por sabermos e aceitarmos que somos vaidosos ou egoístas, carecas e barrigudos - não, temos de saber que por nada disso recebemos recompensas, nem louvores. Temos de suportar, o segredo é isso. Temos de suportar o nosso carácter, o nosso temperamento, já que os seus defeitos, egoísmos e avidez, não os mudam nem a experiência, nem a compreensão. Temos de suportar que os nossos desejos não tenham plena repercussão no mundo. Temos de suportar que as pessoas que amamos, não nos amem, ou que não nos amem como gostaríamos. Temos de suportar a traição e a infidelidade, e o que é o mais difícil entre todas as tarefas humanas, temos de suportar a superioridade moral ou intelectual de uma outra pessoa.
(...)
Sabes, uma pessoa gosta de devolver aos deuses algo da sua felicidade. Porque os deuses são invejosos, como se sabe, e quando oferecem um ano de felicidade a um mortal comum, anotam logo essa dívida e no fim da vida reclamam-na com juros de usura.
(...)
O maior segredo e a maior dádiva da vida, quando duas pessoas "semelhantes" se encontram. Isso é tão raro, como se a natureza impedisse com força e astúcia essa harmonia - talvez porque para a criação do mundo e para a renovação da vida necessita da tensão que se gera entre as pessoas que se procuram eternamente, mas que têm intenções e ritmos de vida opostos. Sabes, corrente alterna... onde quer que olhes, lá está essa troca de forças positivas e negativas.
 

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