01 janeiro 2011

Barcelona - Apontamentos de viagem XII

22.12.2010
(+) Exposições e passeios.

Anteontem visitei uma exposição temporária no Arquivo da Coroa de Aragão: Francisco de Bórgia - Vice-Rei da Catalunha. 1539-1543.
Exposição muito bem montada, considerando a relativa exiguidade do espaço. Tirei uma fotos sem flash - assim como quem não quer a coisa.
Personagem muito interessante, que não conhecia, com ramificações a Portugal por via do matrimónio.
Ontem fui directo ao MUHBA - Museu de História de Barcelona.
O núcleo permanente baseia-se na intervenção e musealização do conjunto monumental Plaça del Rei, com particular incidência nos vestígios arqueológicos que datam da Pré-História à Idade-Média.
O museu está presentemente com uma exposição temporária extraordinária: Ja tenim 600! - La represa sense democràcia. Barcelona, 1947-1973.
Trata-se de um exemplo paradigmático de como, a propósito da aquisição de uma peça para o seu acervo - no caso, um automóvel Seat 600 - um museu pode efectuar um magnífico trabalho de investigação.
A exposição debruça-se sobre o movimento operário, o associativismo de bairro e outros modos de luta, visando sacudir a opressão dictatorial de Franco e atingir uma cada vez maior autonomia da Catalunha face ao governo central espanhol. Aborda-se igualmente o modo como algumas intervenções urbanísticas, a construção da fábrica da SEAT (cuja sigla, já agora, significa Sociedad Española de Automóviles de Turismo), e a realização de um Concílio Ecuménico Universal [?] em Barcelona durante o período cronológico em análise, pretenderam minorar a oposição social ao regime.
Uma vez mais: Muito bom!!!
De saída visitei a a exposição virtual montada no pátio do Museu Frederic Marès.

Uma boa solução a seguir quando se tem o edifício em remodelação e, portanto, encerrado ao público.
Após uma pequena pausa enchi-me de coragem e fiz-me ao Museu Picasso. Caminhei cheio de hesitações. Acontece-me quando sei antecipadamente que me dirigo para algo que me vai esmagar.
Eu e o Museu Picasso de Barcelona tinhamos uma relação idêntica à que tenho com os Açores: fica para amanhã!...
Chegando à entrada desvaneceram-se as hesitações. O museu apresentava como exposição temporária Picasso davant Degas. Deus me livre de perder as bailarinas e as prostitutas de Degas.
A exposição não se consegue descrever em poucas linhas, pelo que me vou abster de o fazer. Destaco apenas que, se dúvidas existissem sobre o facto de Picasso ter seguido ostensivamente a obra de Degas como inspiração e modelo para uma grande parte dos seus trabalhos, elas ficam completamente desfeitas pelo tête-à-tête entre obras de arte que esta exposição nos dá a fruir. Aliás, as palavras de Picasso com que os comissários abrem a exposição são claras: Si hay algo que se pueda robar, lo robo!
Pena ser tão teso. O catálogo da exposição, obra em grande formato e com uma impressão de luxo, custava apenas €35. Face à incógnita de não saber quando regressarei a casa, preferi guardar o dinheiro.
A exposição permanente apresenta uma disposição cronológica da obra de Picasso, dando igualmente muita informação biográfica.
Para quem goste deste mestre, este é mesmo um museu a não perder.

1 comentário:

Unknown disse...

E como tudo o que tem que ser é na altura certa, nem antes...nem depois,valeu a viagem adiada para quebrar a saga do amanhã (na tua altura irás aos Açores)para veres e nos recomendares um museu a não perder! Confesso que também não o vi quando fui a Barcelona. Mas verei...amanhã ou um dia! Jinhos

 

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