Sibila de Delfos Miguel Angelo (Pormenor do tecto da Capela Sistina) |
somos de tanta água que te faço fonte para sempre. acolhe-me, escolhe-me. resguardo-te. sem a alquimia dos milagres. com a prata que é o meu sangue.
pode o excesso ser belo na cegueira da luz perguntava o pastor ao rio que não corria. e das sementes pascoalinas apenas um grito. que não. nada do que é infinito se fica pela esfera que sendo centro é variação em linha recta. também. parábola das assimetrias convergentes apenas por um golpe de ouro.
somos peregrinos de um refúgio. tatuamos a água no dorso.
e o pastor seguiu pela estrada do mar. divinamente cego.
(...) como um rumo impossível, comungo-te. em curva. que sou mais anel que vocação.
e que me importa a desorganização da semântica se lá fora o juízo é sátiro e o mês um vocábulo insuficiente e insano. não uso o vazio como sinistro nem os lábios como crepúsculo. esta é a minha terra. estes os meus dedos. geográficos e litigantes sobre a palavra. em que me devolvo à terra.
e à água. qual sibila entre os muros ascensionais vestida de rasgões a serem passos ou beijos radiantes. parto. mais perto da terra o assobio é brasa e o braço ponte. margem. nunca ácidos os dedos que legitimam esta água.
um dia os anjos serão tantos que adormecer será uma vaga narrativa de correspondências amplas e cruas. renasce o caminho por entre as urtigas e as rosas como vegetais estruturas de uma vida em suspenso. um dia a tua mão será epígrafe imperturbável. e eu apenas a memória de uma travessia. tão ao longe que todo o perto será abismo.
As Lágrimas Estão Todas na Garganta do Mar
Isabel Mendes Ferreira
Sem Cor
Dr1ve
2 comentários:
Lindo
Gostei muito, muito, muito !
Isabel Ponce
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