Não admira, pois, que o inefável Alberto João Jardim esteja mesmo chateado. E, como toda a gente sabe, quando o Alberto João está chateado, pimba: ou faz um “despacho”, ou faz uma “resolução”. Desta vez foi um despacho! E o que despachou desta vez este insular e indómito Bokassa? Despachou nada mais nada menos do que a obrigatoriedade dos serviços do Estado pagarem um renda pela ocupação de edifícios regionais. Ora bem: Penso que nem vale a pena aqui falar do peculiar significado que Alberto João Jardim dá ao conceito de «Estado». Nem vale a pena debruçarmo-nos sobre a racionalidade jurídica, ou até prática, desta iluminada decisão do nosso carnavalesco ilhéu. Pensemos somente no Orçamento da Região Autónoma da Madeira. Ora, como toda a gente sabe, a Madeira apresenta nos últimos 30 anos índices de desenvolvimento absolutamente notáveis. Ele é túneis por todo o lado, auto-estradas sem custos para o utilizador, claro, uma pista do aeroporto construída de forma inédita sobre o mar, eu sei lá. Por isso, nem sequer ficaria bem falar nas transferências que ao longo destas três décadas a Administração Central fez para o orçamento da região. Porque o dinheiro foi com toda a certeza bem gasto e impecavelmente gerido pelo Governo Regional da Madeira, pelo seu indómito presidente e por toda aquela simpática gente do PSD que gravita ali à volta. Sendo assim, e para demonstrar este genialidade gestionária e governativa, que tem o pesado fardo de gerir os destinos da Pérola do Atlântico desde o 25 de Abril, nada melhor do que irmos dar uma pequena olhadela ao «Orçamento da Região Autónoma da Madeira para 2006», aprovado pelo decreto legislativo regional nº 21-A/2005-M de 30 de Dezembro. Para quem tiver pachorra…. Para quem não tiver, então deixo aqui respigadas, absolutamente ao acaso, claro está, algumas das verbas da despesa deste orçamento para o ano de 2006.
Então aqui vai:
- Festival de poesia do Porto Santo: € 301.338,00;
- Restauro de órgãos de igrejas: € 1.534.694,00;
- Campanha de imagem: € 9.838.173,00;
- Material promocional: € 4.937.262,00;
- Festa do fim do ano: € 64.720.184,00;
- Promoção de provas automobilísticas: € 4.254.725,00;
- Promoção do golfe: € 4.893,008,00;
- Subsídios aos clubes de futebol Marítimo e Nacional: € 21.358.448,00;
- Ajudas para as deslocações dos clubes de futebol Marítimo e Nacional: € 10.157.800,00;
- Participação no capital das SAD’s dos clubes de futebol Marítimo e Nacional: € 87.500,00;
- Apoios a outros clubes de futebol: € 21.060.936,00;
Total destas pequenas e singelas 11 rubricas: € 143.144.068,00. Por coincidência, um valor próximo do tal aumento do endividamento líquido da Região Autónoma. Mas é só coincidência, claro!
Não há dúvida: Alberto João Jardim tem muita razão para estar chateado! Mandem mais dinheiro para a Madeira! JÁ! O Marítimo precisa de reforços! NÃO É SÓ O ALBERTO, TEMOS TODOS RAZÃO PARA ESTAR CHATEADOS! É que nós somos todos sócios do Marítimo e do Nacional... via IRS!
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