02 dezembro 2006

Fitas

Ontem foi dia de dose dupla e de dupla surpresa:

007 - Casino Royal
Baseado no primeiro livro da série 007, escrito por Ian Fleming em 1953, este Casino Royal é uma enorme surpresa, pela positiva.
Em meu entender esta é a mais humanizada versão do agente secreto em toda a saga. E é igualmente a mais conseguida de todas por ser a que menos recorre aos habituais clichés do agente secreto à prova de bala, à prova de acrobacias, carregado de gadgets, dotado de um sentido de humor quase sempre forçado e desprovido de quaisquer fraquezas.
Daniel Craig, apesar de tudo o que se ouviu sobre as suas birras durante as gravações e não obstante os azares de foi vítima, apresenta-nos um agente secreto ao estilo John Le carré, convincente e mais de acordo com aquilo que uma pessoa normal imagina como um agente secreto, sem a habitual panóplia de palhaçadas que vinham tirando qualidade a um dos nossos agentes preferidos.
Em minha opinião, o filme apenas perde um pouco pelo facto de parte substancial da sua acção se desenrolar num mesmo sítio, sem que isso, no entanto, signifique perda de ritmo.
Quanto aos demais ingredientes que nos deliciam, como os destinos exóticos, a linha de crédito ilimitada, o Aston Martin topo de gama, a acção (desta vez restricta aos limites do humanamente exequível e com uma das melhores cenas de perseguição a pé que já vimos) e as mulheres bonitas (com - o que já não sucedia desde a personagem desempenhada por Maud Adams em Octopussy - uma personagem que, para além de bonita, representa uma mulher igualmente inteligente e sofisticada. É desempenhada por Eva Green, que não é uma actriz qualquer. Trabalhou já com Bernardo Bertolucci e Ridley Scott), está lá tudo.

The Departed - Entre Inimigos
Uma vez mais aplico com toda a propriedade a minha velha máxima Quanto mais os críticos aplaudem, mais eu detesto. E vice-versa!
Duas horas e meia de uma conturbada teia de personagens que só mesmo um génio como Scorsese poderia aguentar com alguma consistência.
Confesso que fui tolerando a coisa até ao momento em que a acção atingiu a sua própria exaustão. Assim como a minha paciência se aproximava do limite, também William Monahan, o argumentista, parece ter chegado a determinado ponto da história em que se fartou e resolveu acabar com a trama. O problema é que demorou uma hora e vinte minutos a urdi-la para depois acabar a coisa em catadupa como se estivesse atrasado para o jantar.
Não entrarei em mais pormenores para não estragar a vossa ida ao cinema. Depois me dirão o que acharam.
O elenco é de luxo: Leonardo DiCaprio, absolutamente brilhante (e isto escrito por quem, até ontem, não dava dois tostões furados por ele). Jack Nicholson, excelente como habitual; Matt Damon, sofrível; Martin Sheen e Alec Baldwin com bons desempenhos como é normal.
Em resumo: foi uma surpresa pela negativa. Não porque o filme não preste (pelo contrário), mas porque, de Martin Scorsese, é sempre legítimo esperar-se um filme muito acima da vulgaridade.

2 comentários:

Pirolito disse...

Concordo com a tua opinião sobre este último 007.
O outro ainda não vi.

Objectivamente Abjecto disse...

Um dos melhores 007 de sempre!

 

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