10 dezembro 2006

Notícias de fim-de-semana

Ainda estou para saber por que carga de água se comprou cá para casa a edição do Expresso deste fim-de-semana.
Mas Deus escreve direito por linhas tortas. Ontem à noite, colocado perante o dilema de continuar a assistir à vergonha futebolística de um Vitória de Setúbal agachado de cócoras frente ao Sporting ou dispender melhor o meu tempo fazendo outra coisa qualquer, resolvi ler o dito semanário. Eu sei que os jornalistas não podem inventar notícias interessantes. Mas não será que podiam tratar as notícias existentes de forma mais interessante, interessada e menos interesseira?
Como sempre, depois de tudo bem espremido, apenas três ou quatro notícias/apontamentos me ficaram na retina:
- Conflito iminente entre a Argentina e o Uruguai. O clima de afrontamento escala em grande velocidade. Tudo tem a ver com a instalação de uma grande fábrica de celulose na margem de um rio em território uruguaio, rio esse que, a jusante, entra em território argentino. O impacto ambiental deste projecto é a pedra de toque do conflito. Lembrei-me das centrais nucleares espanholas situadas nas margens do Rio Tejo... enfim!
- O Irão vai organizar uma mega conferência internacional subordinada ao tema da existência ou não do Holocausto. É óbvio e assumido que se pretende dar a palavra aos negacionistas e deixar como conclusão vigente que o extermínio de 6 milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial é uma falsidade histórica.
Em meu entender, o perigo que se encontra subjacente a estas súbitas manifestações de interesse sobre o tema é o de que, aquilo que até aqui era apanágio ideológico de pequenos grupos neo-nazis, White-Supremacy, KKK, etc, etc, todos (felizmente) sem grande expressão política, possa agora vir a ser mais um pilar da verborreia anti-semita, numa dimensão ideológica à escala do mundo árabe. E o paradoxo de tudo isto é que as causas mais profundas destas tentativas de legitimação intelectual visando obliterar um facto incontornável da História Contemporânea, têm como causa primordial a obstinação da política externa de Israel, contra tudo e contra todos.
- A nível doméstico achei delicioso o episódio (vejamos se com continuação) da reacção do presidente do Partido Popular Monárquico ás declaraçãos do Duque de Bragança em entrevista ao jornal Diário de Notícias.
A coisa correu mais ou menos assim:
D. Duarte em entrevista ao DN: Cavaco Silva tem agido como um Presidente-Rei!
Reacção de Nuno da Câmara Pereira: O Sr. Duarte mete os pés pelas mãos!
Apetece-nos perguntar: Ó Sr. D. Duarte... "Presidente-Rei"? Que raio de bicho é esse?
Ó Sr. Nuno... "Sr. Duarte"? Então não é V. Exa. monárquico? Trata-se o herdeiro do trono como se fosse o homem da mercearia?
Tenho que descobrir quem comprou o expresso para lhe agradecer.

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