29 março 2010

Doca de Belém

Sete horas da manhã.
Alvorecer cinzento, nuvens baixas apressadas por um vento gélido.
A ponte fervilha de pequenos pontos em movimento.
Um cacilheiro vence, a custo, um Tejo que fervilha, como que a querer entrar em ebulição.
Na doca, o desacerto do movimento dos mastros pauta-se por um aceno de sentido único que me diz: não!
A hora mudou este fim-de-semana (porque não mudei eu?). É por isso que ainda está tão escuro (e assim estou também eu).
Como num sonho confuso, gaivotas cruzam os ares em rumos de secretos propósitos ou, porventura, voando apenas porque existem para o fazer, porque é essa a sua natureza.
Será que tudo na vida tem mesmo que obedecer a um plano pré determinado?
Não existe lugar para coincidências?
Tanto racionalismo esmaga-me!
Um dia decido concretizar algumas (senão todas) das coisas que, tenho a certeza, me iriam dar um gozo quase (senão mesmo) animal. Coisas que não fiz porque o bom-senso e a urbanidade assim o determinam. Coisas que fogem à norma, à Lei e a todas as regras que, muitas vezes estupidamente, formatam e castram a nossa existência.
Fico-me por aqui.
Como diz a sabedoria popular: "Cão que ladra não morde!"... e este ladrar já vai longo!

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