31 outubro 2010

Amor em fundo ferroviário

Estação de comboios - uma qualquer.
Os carros fazem paragens sucessivas para largar ou recolher passageiros.
Estacionei; desliguei; fiquei sentado.
Pára um outro carro de onde sai um jovem casal.
Dá para perceber: ela fica, ele vai.
Um abraço... múltiplos beijos.
Mudo de opinião. Afinal de contas ambos ficam... ambos vão.
Ambos ficam na sua lembrança e no seu coração.
Ambos vão na lembrança e no coração do outro... quiçá, numa réstea de sabor que perdura nos lábios ou num fio de perfume entranhado na recordação de uma tarde passada em entrega total?
Ele consulta o relógio, beija-a uma vez mais e dirige-se para a entrada.
Vacila... olha para trás.
Ela acena um adeus e encena um sorriso que só a custo convive com dois olhos embargados de lágrimas.
É tempo de partir.
A vida é assim mesmo: podemos apear-nos temporariamente mas, em última instância, o comboio avança sem contemplações.

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