29 outubro 2010

Vade retro galináceos e animais de carapaça

Hoje tive o azar de precisar de um almoço rápido e de pensar que meio frango da Guia com uma salada de tomate resolveriam o assunto.
Entrei no "Frango da Guia" do Almada Fórum e pedi meio galináceo, estimando que a coisa seria expedita.
A songa monga que me veio buscar à entrada, depois de algum tempo de espera perante um restaurante vazio (eram 12,15 horas), fez questão de exibir a maior das acrimónias logo desde o início. Quis sentar-me à entrada... recusei! Quis sentar-me no corredor, sujeito à corrente de ar que vinha da porta... recusei. Pedi-lhe para me sentar junto à parede. Respondeu-me com enfado: "escolha!", ao que retorqui: "O quê? a mesa ou a parede?". Continuou soturna como uma noite de Inverno. Pensei: "estou consumido!" (com um "F" grande)...
Acabou por me sentar sob um LCD suspenso da parede. Não percebi se a ideia era de que aquilo despencasse da parede e me amarrotasse a crista ou se a intenção era muito mais sórdida. É que, acto contínuo, a moçoila ligou a geringonça e eu tive que aturar o cacarejar de duas aves canoras escorraçadas das respectivas capoeiras, perto das quais o bardo Chatotorix (da aldeia de Astérix) seria um verdadeiro Pavarotti. Tentei pensar positivo, que seria uma forma de acelerar o palato de modo a poder fugir dali o mais rapidamente possível.
A moçoila, entretanto, conseguiu deixar-me sem perceber se olhava para mim se através de mim. Parecia-me estar a ser escrutinado pela capataz do aviário...
Nisto e naquilo passaram-se quarenta minutos e nada de meio-frango. Chamei a atenção para o facto, alertando que tinha que ir para o cinema e a sessão estava prestes a começar. Pois sim... tivesse o meio-frango duas patas (por qualquer alteração transgénica) e mover-se-ia mais rapidamente do que todos os empregados juntos. Viesse ele ainda com a cabeça e, apesar de morto, depenado e assado, teria certamente melhor aspecto do que aqueles aprendizes de empregados de mesa.
Mas lá veio o bicho, mais esfalfado do que eu...
Comi à pressa; chamei a estafermóide e pedi-lhe um café e a conta, ficando a pensar se ela seria capaz de tomar conta de dois pedidos em simultâneo...
A despesa perfez € 9,95. Dei-lhe uma nota e esperei pelo troco. Quando regressou ficou ali naquele vai que não vai, fica que não fica, a ver se sobrava alguma coisa. Disse-lhe: "Não encontro trocos nenhuns. Devem ter ficado perdidos junto com a sua simpatia. Fica para uma próxima oportunidade."
Foi um almoço de frango, comido por um fóssil e servido por cágados. A verdadeira refeição National Geographic.

3 comentários:

Unknown disse...

À custa deste galináceo e animal de carapaça mais uma vez tou a rir à gargalhada. Será que nesse chove não molha não era a franga que te queria comer a ti?
E ...para não falar da água do dia que te fez desejar ir pá ilha !
Não há nada que te não aconteça...só te falta a "hérnia", a tal do sentido figurado ... lololol

Pirolito disse...

Tou desconfiado que, com este malfadado fado, tocam-me hérnias e ténias em simultâneo... ehehehehehe.
Quero ir pá ilhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!
Acho que estou a precisar mas é de mais uma daquelas noites "Anos 80".

Anónimo disse...

Olá Rapagão.

Penso que deverias coleccionar e publicar estas tuas crónicas que tão gentil e generosamente partilhas com a malta amiga.

Estou certo que elas seriam,num país tão cinzento e amorfo como o nosso, um excelente antídoto contra a onda de desânimo e tristeza que nos assola.

Obrigado, muito obrgado, pelas gargalhadas que me fizeste dar.

Abraço.
J.F.

 

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