31 dezembro 2010

Barcelona - Apontamentos de viagem XI

Auto-retrato

Barcelona - Apontamentos de viagem X

22.12.10
Mas que aventura!
Regresso adiado de Domingo 19 para Quarta-Feira 22.
Agora adiado novamente para amanhã...
Ainda passo o Natal aqui.
Já não é a primeira vez que me acontece disto.
Mas que magna chatice andar com a mochila às costas, para trás e para a frente.
Hoje a coisa tornou-se ainda mais aborrecida em virtude de estar aqui pregado no aeroporto à espera que haja um número mínimo de "adiados" para encher o autocarro que nos levará ao hotel. Mas pensando melhor, talvez não venha a ser grande espera. O monitor mostra dezassete vôos cancelados pela EasyJet. Bem podem mandar vir autocarros...
À margem da brincadeira: espero muito, muito, muito conseguir passar o Natal em Portugal. Gostava de dar uma grande beija nos meus filhos.
É aguardar...

30 dezembro 2010

Barcelona - Apontamentos de viagem IX

Brinquedos...

... e gelados italianos.

Barcelona - Apontamentos de viagem VIII

20.12.2010
Museu Picasso também encerrado.
Resolvi percorrer o Bairro Gótico pelos meandros que ainda não conhecia. De seguida, e para poupar os pés, decidi voltar em direcção às Ramblas por zonas mais familiares. O local onde fiquei hospedado durante a primeira vez que cá estive mantém-se inalterado. Zona do porto, de marujada... les bas-fonds.
Escala obrigatória Bosc de les Fades (espécie de bar do Museu de Cera).
O ambiente recria isso mesmo: um bosque de fadas.
É uma coisa surreal, um misto de A Irmandade do Anel com As Crónicas de Nárnia. Vale sempre a pena revisitar.
A aventura, desta feita, consistiu em ter conseguido escrever estas linhas quase às escuras sem que o caderno tenha ficado qual baixo-relevo do Alto-Egipto.
Uma caña para retemperar energias e arrefecer as botas e os seus inquilinos.

29 dezembro 2010

Barcelona - Apontamentos de viagem VII





Barcelona - Apontamentos de viagem VI

20.12.2010
Bairro Gótico e Catedral.
Exposições e passeios pelas ruas.
O Museu da Cidade está fechado por ser Segunda-Feira. Parece não querer ser visto. Volto amanhã!?
Duas da tarde. Já?
Supermercado: uma embalagem de presunto, uma lata de cerveja e uma garrafa de água.
Padaria: Una barra (cacete).
Sim... porque a Easyjet não paga verdadeiramente tudo. ;-)
Esta zona não tem um banco que seja onde nos possamos sentar. Também assim se mede a acessibilidade de uma cidade.
Decidi vir comer para a escadaria da Catedral. Não dá muito bom aspecto, mesmo para um espiritualista profano como eu, estar a bebericar cerveja nos degraus de uma igreja. Mas prontos! Um Português enrascado é coisa que ainda está para ser inventada. E prova de que assim é, atente-se no que se passou de seguida.
Toca o telefone. A minha rica mãe. Queria saber o que era feito de mim, se tinha regressado a Portugal sem dar notícias. Enquanto lhe explicava o sucedido - que me tinham cancelado o vôo no Domingo, remarcado para Quarta-Feira, etc., etc. - não pude deixar de pensar: "Qualquer dia morro algures por esse mundo e só quando a minha mãe se lembrar é que os restantes darão também pela minha falta."
Terminei o telefonema e surgiu-me pela frente um jovem:
- "Desculpe. Percebi que é Português. Tira-me uma foto para recordação?"
Era Madeirense; Português; desenrascado.
A caminho de onde estou, ao percorrer lateralmente a Catedral, entrei na Capela de Santa Lúcia (padroeira da feira de artesanato natalício que tem lugar em frente ao templo durante esta quadra). Dá-me sempre muita paz.
É um local onde o turista apenas mete a cabeça para espreitar.
Capela modesta, atrás de grades, três ou quatro filas de bancos.
Aborrecem-me as velas eléctricas. Coisas que não entendo: vela é vela; fogo é fogo; luz é luz. Lâmpada não é vela; electricidade não é fogo; a luz é artificial.
Enfim!...
É hora de arrumar o caderno. Vou ver se me presenteio com um café (coisa que, por aqui, é quase sempre horrível).

28 dezembro 2010

Barcelona - Apontamentos de viagem V

20.12.10
Saio do quarto, ensonado.
Phones  nos ouvidos, aperto o blusão e percorro o corredor que me conduz ao ascensor. A carpete azul, pontilhada de pequenos quadrados brancos, e a sucessão de surrealismo encartonado que pende das paredes, dão à mancha uma sensação de vertigem que não apetece.
As portas do hotel abrem-se para um sol que me faz vacilar. Sorvo a luz e o calor, agradeço, rumo à estação de combóios.
Três paragens apenas até à Plaça de Catalunya, bem no coração da cidade.
A hora de ponta ficou para trás e as carruagens vão vazias. Sorrio ao lembrar a tradição segundo a qual, para nuestros hermanos, entre a Segunda-Feira e o Domingo há pouca diferença.
Pensei para comigo: "tenho que registar estes momentos."
Há muito tempo me apercebi não existir melhor forma de recordar um momento, uma imagem, um sentimento, o que for, do que fazê-lo através da escrita.
Como escreveu Gabriel García Márquez "Escrever é melhor do que viver!".
Como sou avesso a escrever em movimento, abandonei, no momento, a ideia.
Olhei para o exterior e vi a cidade aproximar-se rapidamente. Fachadas suburbanas; linhas de alta-tensão; barreiras de betão; graffitis, muitos, coloridos, quentes, frios; tudo entrecortando o céu azul, manchado por uma difusa névoa branca, como restos de um sonho.
Subitamente fez-se escuro. O combóio penetrou as entranhas da urbe e tudo ganhou um novo espectro.
Surge a estação. O tempo e o espaço abrandam.
No exterior uma jovem está de cócoras sorvendo as últimas páginas de um livro.
É difícil esperar pelo fim de um livro! Esperamos pelo combóio, esperamos por muitas coisas na vida. Os combóios chegam sempre, ainda que, por vezes, atrasados. O que esperamos da vida nem sempre chega. Talvez porque seja isso o que há a fazer: dela nada esperar.
Abrem-se as portas. Levanto-me. Mochila às costas...
Barcelona, aqui vou eu!...

26 dezembro 2010

Barcelona - Apontamentos de viagem IV

Altar mor da catedral de Barcelona

Barcelona - Apontamentos de viagem III

19.12.2010
Despedidas
Um último olhar por sobre o ombro para a Rambla.
"Adeus Barcelona!" exclamei mentalmente enquanto me encaminhava para a paragem do autocarro que me conduziria ao aeroporto.
No local, dois casais. Cedo deu para perceber que se estavam a despedir. Relembrei um episódio recente na estação da Fertagus no Pragal.
Se eu mandasse alguma coisa acabava com as despedidas.
Saí da bicha e dirigi-me para o mercado de antiguidades que se faz nos passeios da Plaça de Catalunya.
Renovei uma busca que me acompanha há quase dois anos. Procuro um terço que me chame e me diga: "Leva-me! Estou aqui por insondáveis mistérios. Cheguei cá não importa por que caminhos. O que necessitas saber é apenas que aqui estou por ti e para ti, para te aconchegar, para te afagar o peito, para suster o bater descompassado desse teu coração sem paz, para te ancorar na luz que a tantos ofereces mas à qual não te permites."
Já enverguei um terço com uma história própria, uma história de Veneza, uma história linda mas que não era a minha. Talvez por essa razão nunca o tenha sentido como "meu". Dele me despedi com o coração destroçado, mas não por ele.
Ainda não foi hoje que a demanda conheceu o seu final.
Lembrei as palavras do poeta Senegalês Amadou Sall, apostas numa foto da exposição que visitei hoje pela manhã:
- Tant qu'il y a le ciel, il y a toujours l'espoir qu'un oiseau y passe.
Virei costas. Acelerei um passo que mais não pretendeu senão fugir às lágrimas dos que se continuavam a despedir.
Disse novamente adeus a Barcelona.
O autocarro arrancou. Sentei-me abraçado à mochila. Enquanto a Melody Gardot me sussurava ao ouvido Deep within the corners of my heart, a cidade de Gaudi foi ficando para trás, sob um céu acobreado pelos últimos estertores do sol que, também ele, fazia as despedidas de mais um dia, um dos últimos deste Outono Catalão.


Deep within the corners of my heart
Melody Gardot

25 dezembro 2010

Barcelona - Apontamentos de viagem II

Mimo na Rambla

Barcelona - Apontamentos de viagem I

19.12.2010
A Rambla continua imparável. Uma catadupa de gente pelo passeio central, subindo ou descendo, tornando quase impossível ao mais afoito dos mortais tentar atravessá-la lateralmente.
Esqueci-me de reservar mesa para o almoço no Can Culleretes. Fiquei para a mesa das 15,30 horas. Entretanto, na esquina da mesma rua (Carrer Quintana) fica a Mikel-Etxea, uma taberna basca que apresenta uns pinchos fora-de-série e que preencheram a espera.
Torre das Comunicações
(Arq. Santiago Calatrava)
Montjuïc
Ontem à noite andei por Montjuïc. Vale muito a pena visitar. Os jardins, os equipamentos... tudo, tudo muito bonito. E a vida que por ali se leva... Aqueles arbustos devem ter muito que contar. É uma vertente de Barcelona a não menosprezar e a revisitar quando possível.
Não deixa de ser curioso como Barcelona parece ter sempre um pedaço mais para ver.
Não consigo evitar ser assolado por uma estranha sensação: a de que esta cidade - como provavelmente qualquer outra no mundo - não é algo de que se disfrute sózinho.
Tempos houve em que me dava um particular prazer palmilhar tudo no meu próprio passo. Já não é assim!
Estarei a ficar velho?
Estarei a ficar só?
Estádio Olímpico
Montjuïc

Entretém

Como o Natal é (por opção) sózinho, pelo segundo ano consecutivo, achei boa ideia vir aqui partilhar convosco os apontamentos de viagem feitos durante esta semana em Barcelona.
É um entretém como outro qualquer.
Vou dividir os textos em posts separados para não se tornarem maçadores. Ou publico-os durante vários dias. Ainda não sei.
Para já vou tratar dos meus cães.
Beijos e abraços.

Já agora (que sou um desprendido nestas coisas) Boas-Festas e Feliz Natal para todos.



Have yourself a merry little Christmas
Celtic Woman

14 dezembro 2010

Pausa para uma lufada de ar

Não!...
Não me aconteceu nada de mau. Estou atrapalhado com o meu tempo, com a minha vontade, com a minha inspiração, enfim... com a minha vidoca.
Tenho saudades do blog.
Tenho saudades de muitos de vós que não vejo há demasiado tempo.
Voltarei!...

04 dezembro 2010

BSO XIII



Set the fire to the third bar
Snow Patrol ft Martha Wainwright
Juntos ao Luar / Dear John (2010)

02 dezembro 2010

E para não parecer que estou demasiado cáustico...


Who's gonna save my soul
Gnarls Barkley

O que eu gosto desta canção...

Fáxavor de não mecher...


Com que então pensavam que só os construtores patos-bravos é que davam calinadas no belo Português?
Enganam-se!
Esta foto foi tirada num dos vários quartos da enfermaria do Serviço de Neurocirurgia de um hospital público da nossa praça.
(Não digo qual com receio que façam uma lobotomia a uma pessoa de família que lá tenho internada)
Como dizia o outro: E andou esta gente na universidade...

Sim... porque mecher no comando não é proeza ao alcance de qualquer um...

E assim se minimizam os números do desemprego em Portugal.

Considero-me um indivíduo particularmente atento às coisas que me dizem respeito, sobretudo se, ainda que muito remotamente, essas coisas envolverem o nosso Estado.
Inscrito que estava no Centro de Emprego do Seixal desde que fiquei desempregado há cerca de dois anos, fiz sempre questão de devolver todos os postais, postalinhos e postalões que me enviavam periodicamente a perguntar se continuava interessado na inscrição. Fui até, pasme-se, convocado para algumas acções de informação onde, sem qualquer vergonha pelo inequívoco desprezo manifestado pelos curriculos individuais, me quiseram ensinar a elaborar um Curriculum Vitae. Fui a todas... apesar da agonia.
Tendo mudado de domicílio (do Concelho do Seixal para o Concelho de Almada), desloquei-me hoje ao Centro de Emprego de Almada onde solicitei a alteração de morada. Responderam-me que o processo passaria por uma inscrição completamente nova uma vez que, por não ter devolvido um postal (O QUE É MENTIRA - MENTIRA - MENTIRA) em Dezembro de 2009, eu não me encontrava inscrito em qualquer centro de emprego. E tudo isto sem sequer ter ganho um Euro que fosse em subsídios de desemprego pois, por ter sido trabalhador liberal a emitir recibos verdes, nunca a tal mimo tive direito.
Fica um conselho a todos vós, extensível a todas as pessoas que conheçam na mesma situação:
- Confirmem periodicamente se a vossa inscrição continua em vigor. Estes marmanjos são capazes de tudo e mais alguma coisa, ainda que, para benefício das estatísticas, não hesitem em retirar das bases de dados o nome de uma pessoa perfeitamente qualificada e desesperadamente à procura de emprego.
Este ESTADO é uma vergonha e, infelizmente, alguns funcionários públicos, feitos lacaios, afinam pelo mesmo diapasão.
 

is where my documents live!