13 junho 2006

Porque até simpatizamos com este caramelo...


Santo de Lisboa
Para falar verdade, o santo padroeiro de Lisboa é São Vicente. Mas, no coração dos lisboetas, é Santo António quem mais ordena. Ele é o santo casamenteiro, sempre associado à cidade que o viu nascer. Que importa, afinal, se passou os últimos anos da sua vida em Pádua. Para nós, Santo António... é o Santo de Lisboa.
Fernando Bulhão nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195. Quem? Fernando Bulhão, de seu nome, ou Santo António como ficou imortalizado para sempre na história da capital portuguesa.
Apesar de S. Vicente ser o santo padroeiro de Lisboa, foi Santo António que conquistou o coração dos lisboetas, que lhe dedicam todos os anos o dia 13 de Junho, feriado municipal.
Voltemos então ao início da história. Francisco Bulhão nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195, numa casa onde mais tarde se ergueu a igreja em sua honra.
Os primeiros estudos foram feitos na Sé de Lisboa, ingressando na vida religiosa em S. Vicente de Fora, deslocando-se posteriormente para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde foi ordenado sacerdote.
Diz a tradição que Fernando tinha uma memória fora do comum, sabendo de cor não só as Escrituras Sagradas como também a vida dos Santos Padres.
Tornando-se frade franciscano e recolhendo-se como Eremita nos Olivais, troca o nome para António em 1220.
É então por essa altura que viaja para Marrocos, onde foi atacado por pestilência aquando da sua chegada. Passado um ano, quando regressava de barco a Portugal, uma forte tempestade arrastou-o para Itália, onde o destino haveria de o prender.
São Francisco convoca-o em 1221 para o Capítulo Geral da ordem, ali revela os seus talentos de orador a pregar perante os seus confrades.
Foi convidado a ensinar teologia nas escolas franciscanas de Bolonha, Montpellier e Toulouse, e é nomeado ministro provincial no Norte da Itália, em 1227.
Prossegue a sua carreira académica em Pádua, cidade onde viria a morrer em 1231.
É proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio XII, em 1946, que o considera "exímio teólogo e insigne mestre e matérias de ascética e mística".

O culto a Santo António
A identificação de Santo António com Portugal sempre foi intensa. No século XIII, por exemplo, Santo António já era patrono de cerca de quarenta igrejas do nosso País.
Não se sabe quando começou o culto alfacinha por Santo António, mas diz a lenda que no exacto momento em que Gregório IX procedia em Espoleto à canonização do Santo, os sinos tocavam a rebate em Lisboa. Estávamos a 30 de Maio de 1232 e esse episódio é apontado como algo de sobrenatural, tendo o povo português tomado Santo António para si como o Santo Nacional. O curioso é que ao longo dos anos, Santo António aparece moldado aos diferentes interesses dos portugueses. Ou seja, o santo é só um, as atribuições é que mudam. Por isso, por todo o País, é usual encontrar Santo António como protector da cidade, das casas e das famílias, advogado das almas do purgatório, advogado dos bons casamentos, protector dos animais, ou dos náufragos, etc.
Lisboa é, de longe, a cidade que recorre mais ao "seu" Santo António. São várias as leitarias, farmácias, drogarias e outros estabelecimentos comerciais que evocam a entidade divina como forma de apadrinhar o negócio.
A devoção é tanta que o Museu Antoniano de Lisboa foi construído ao lado da igreja de Santo António, a convidar a uma visita prolongada pela arte popular.
O mês de Junho é, em Portugal, o mês dos Santos Populares. S. João, S. Pedro e, claro, S. António, em Lisboa. A 13 de Junho, a cidade pára. Na véspera, a cidade dançou, divertiu-se, leu pregões, cheirou mangericos, comeu sardinha assada.
Lisboa orgulha-se do seu santo e da tradição. São os bairros mais populares os que mais importância dão ao seu santo. É aí que a velha Olissipo se afirma, que a tradição enobrece.
O castelo e Alfama vestem-se para receber o Santo, entre marchas e fitas coloridas.
Nos largos onde desembocam as pequenas vielas e as íngremes escadarias, nascem esplanadas com sardinha assada, fitas coloridas e música de arraial. É um dos lados mais pitorescos de Lisboa, à noite, onde velhos e novos se juntam em alegre paródia. Os primeiros brindando à tradição; os segundos, porque qualquer razão é boa para brindar e dançar.
Associado ao Santo António está a sua característica casamenteira. "Santo António, Santo Antoninho: Arranja-me lá um maridinho..." é um dos mais antigos pregões populares, consubstanciado numa longa tradição casamenteira.
As décadas de 50 e 60, aliás, marcaram definitivamente uma tradição que teve grande acolhimento popular na cidade de Lisboa, As Noivas de Santo António. A iniciativa era patrocinado pelo extinto jornal Diário Popular e por alguns comerciantes que ofereciam a indumentária para a boda.
Trinta anos depois da última edição, a Câmara de Lisboa retomou esta velha tradição, que confere o cariz especial a um momento único na vida dos noivos e que perpetua de forma indelével a marca casamenteira de Santo António.

Sacado do tugas2, inop desde 2004, com licença do Santo Ofício ;))

2 comentários:

Anónimo disse...

Quem melhor escreveu sobre
Santo António foi de longe Aquilino Ribeiro. Leiam a "HUMILDADE GLORIOSA". É uma delícia este livro... e ninguém fala dele!.. Que tristeza!

Cenário - sala de audiências no Céu discute-se se Frei António merece ou não ser considerado santo.A oposição diz:

"Apóstolo, missionário, confessor, exegeta, patrono de namorados, deparador das coisas perdidas, marechal de campo, herói nacional, e, ainda por cima, bom homem... passa das marcas!" Fim

Lia Noronha disse...

Esse é o Santo desse blog...dos namorados!Abraços e bom dia.

 

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