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"Nunca toco sozinho", disse Carlos Santana, a propósito do concerto de hoje à noite no Pavilhão Atlântico (Lisboa). O guitarrista não se referia, no entanto, aos dez músicos que o vão acompanhar em palco, se bem que esses também serão parte integrante do espectáculo, que começará às 21.00 e terá a duração de cerca de duas horas e meia.
"Há muitas presenças do outro lado (sim, do além) que nos acompanham em palco. Vai haver muitos intangíveis esta noite."
Se é algo desconcertante a naturalidade com que Santana fala do "mundo dos espíritos", então é preciso não esquecer que, durante quase 30 anos (entre 1972, quando gravou Love Devotion Surrender ,e o lançamento de Supernatural, em 1999), o mexicano absteve-se de quaisquer aproximações ao sucesso comercial em termos "convencionais", aproximando-se do free jazz influenciado pelo misticismo indiano.
Nesta digressão, Santana regressa, depois da excursão pop de Supernatural, Shaman (2002) e All That I Am (2005), ao seu terreno clássico de expressão artística, com uma digressão que baptizou Universal Tone.
"Durante toda a vida me perguntaram se acreditava no 'tom universal'. Claro que acredito, toda gente o tem, mas nem todos o encontram", declara, referindo-se a si próprio em particular. "O Bob Marley encontrou-o", diz, apontando para a camisa, "O [John] Coltrane também. Eu também o encontrei. Quando se reconhece um músico à primeira nota, é isso o tom universal."
"O som, a ressonância e a vibração são as minhas ferramentas", diz, acerca do seu ethos musical: "Quando se toca um solo, há três coisas que têm de ser tidas em conta: onde estou, para onde vou e o que quero dizer. E depois sair dali para fora. [Tocar guitarra] não é sobre mostrar que se é bom, não é sobre dizer 'vejam quantas notas toco', isso é exibicionismo."
Para o seu quarto concerto em terras lusas, Santana promete, para além de uma recomendável dose de subtileza, um espectáculo de "música para amantes".
"Deus também está na atracção entre um homem e uma mulher. Ele não estava na sala ao lado a aquecer o jantar enquanto Adão e Eva se divertiam com a cobra."
Texto (horrivelmente) escrito por Alexandre Elias
DN Artes
25.05.10
Pois fiquem sabendo que o concerto foi tudo isto e muito mais.
Carlos Santana é, de facto, um arauto da luz, do amor e da liberdade.
E podem ter a certeza: pela vibração de harmonia que se instalou... o homem não toca sozinho!...
Namastê meu irmão.
1 comentário:
Foi sem dúvida um grande concerto.
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