12 setembro 2010

Leituras

A vossa alma é muitas vezes um campo de combate onde a vossa razão e o vosso juízo travam batalha contra a vossa paixão e o vosso apetite.
Gostaria de ser um artesão da paz na vossa alma e de poder converter em unidade e em harmonia a discórdia e a rivalidade entre os vossos elementos.
Mas como poderei eu consegui-lo, se não fordes vós mesmos artesãos da paz e amantes de todos os vossos elementos?
A vossa razão e a vossa paixão são o leme e as velas da vossa alma navegante.
Se as velas se rasgarem ou o vosso leme partir, mais não podeis fazer senão andar aos balanços, à deriva, ou ficar imóveis ao largo dos mares.
A razão, governando sózinha, é uma força restritiva; e a paixão sem controlo é  uma chama que queima para a vossa própria destruição.
Possa então a vossa alma exaltar a vossa razão até à altitude da paixão e que ela cante; e possa ela, pela razão, governar a vossa paixão, e que a vossa paixão viva pela sua própria ressurreição quotidiana, e, qual Fénix, se eleve acima das suas próprias cinzas.
(...) Quando, entre as colinas, vos sentais à sombra fresca dos brancos álamos, partilhando a sua paz e a sua serenidade, com os campos e os prados distantes, que o vosso coração diga em silêncio: "Deus repousa na razão."
E quando a tempestade se anuncia e o vento poderoso abana a floresta e o trovão e o relâmpago proclamam a majestade do céu, que o vosso coração se recolha então e diga: "Deus move-se na paixão."
E uma vez que sois o sopro na esfera de Deus e uma folha na floresta de Deus, também deveis repousar na razão e mover-vos na paixão.

O Profeta
Khalil Gibran

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