01 setembro 2010

Um sonho com 20 anos.

Por volta de 1990, durante a leitura de antigos números da National Geographic na Biblioteca do Museu de Marinha, deparei-me com um artigo que me escancarou aos olhos e à mente algo de inesquecível:
- Banff and Jasper National Parks - Heart of the Canadian Rockies
(National Geographic Magazine / Junho 1980 / Vol. 157, nº6)

A primeira sensação obtida foi a de ter que lá voltar. Mas voltar? Como? Nunca lá fui!
Daqui a uns anos, quando tiver possibilidades para isso, aventuro-me a uma coisa destas - pensei.
Embora esta ideia tenha aflorado inúmeras vezes ao longo das duas últimas décadas (ena décadas... porra! Contabilizar o tempo em fatias tão graúdas deixa-me ainda mais velho...), este ano tudo regressou com renovado ímpeto.
Em menos de nada dei por mim embrenhado na internet a procurar voos low-cost para o Canadá, mapas das Montanhas Rochosas Canadianas, informação sobre alojamentos, quando ir, sítios a não perder, tudo e mais um par de botas.
Dirão: enloqueceu!
De facto, se me perguntarem, não saberei responder por que artes desencantarei o dinheiro para semelhante realização. Mas não é dessa matéria que os sonhos são feitos? De impossibilidades tornadas possíveis?
Comprei um The Rough Guide to Canada e um Caderno de Campo para começar a tomar notas sobre esta odisseia.
Já estive várias vezes para começar a escrever. De caneta na mão e confrontado com a virgindade imaculada de uma primeira página em branco, acabo por perder a coragem, esmagado pela responsabilidade que todos os princípios acarretam. Como se começa o diário de um sonho?
Querem saber uma coisa? Quanto mais me documento, mais dou comigo a pensar que todas estas informações são absolutamente supérfluas e que esta viagem não será tanto a procura de um sítio quanto a demanda de mim próprio.
Terá sido aqui que tive o vento por companheiro?
Terá sido aqui que me perdi?
Haverá melhor sítio para nos encontrarmos do que aquele em que nos perdemos?
Será possível sentirmos saudades do desconhecido?
Nunca lá fui... mas será que já lá estive?
Hoje estou aqui a partilhar este devaneio. Amanhã estarei sentado de pernas cruzadas sobre uma rocha sobranceira a uma cascata de água azul turquesa. Escalarei penhascos para poder beber a antiguidade sapiente do glaciar. Saberei erguer as mãos para o céu agradecendo a dádiva da vida e a possibilidade que é dada a esta partícula que sou eu de dela fazer parte. E pode ser que o vento me sussurre ao ouvido: Bem-vindo irmão! Tinha saudades tuas...

2 comentários:

Anónimo disse...

Desejo...muito...que esse sonho se realize.
Se... fôr um regresso a casa, melhor ainda.
E...Se... lá encontrares uma partícula do teu "ser",abraça-a, conforta-a, ama-a e volta...para nos contares.

Bjokas

Anónimo disse...

Continua a sonhar Zé. É das poucas coisas que ainda nos restam e que por enquanto não pagam imposto.

Também eu tive muitos sonhos que nunca se realizaram. Mas é bom sonhar. Pode ser que consigas realizar os teus. E se assim fôr, que possas transmitir aos teus filhos o sonho tornado realidade.

Beijos
Tia Noémia

 

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