07 outubro 2010

As vagas vêm em vagas


As vagas vêm em vagas
tragando tudo à sua passagem,
levantando castelos de água e núvens de espuma,
revolvendo areia, envolvendo-me na bruma.

As vagas vêm em vagas
e eu deixei de ver.
É da areia, da maresia no ar,
ou desta cegueira em que me quero afogar?

As vagas vêm em vagas
num sem parar de voltar.
Enrolam, desenrolam,
em chamas de sol se imolam.


As vagas vêm em vagas
lavando-me os sentimentos.
Indiferentes se bons se maus,
sobem escadas, descem degraus.


As vagas vêm em vagas,
impacientes, inclementes.
Não trazem calor nem amor
a um peito dilacerado pela dor.


As vagas vêm em vagas
mesmo quando o crepúsculo boceja.
Cai a noite... a praia descansa.
Acorda o pesadelo que cansa.

As vagas vêm em vagas,
estendendo-se no colo do mar.
Sob o luar, próximas, belas...
Quiçá um dia irei com elas?

2 comentários:

Anónimo disse...

"As vagas vêm em vagas" como tudo na vida...
Beijinhos Ré

Unknown disse...

Que tal olhares as vagas quando se espraiam na areia?
Só a espuma...branca...fresca...leve...tu e a espuma,lavado de sentimentos maus...cheio de esperança dos bons!

Beijo

 

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