Manhã.
A neblina envolve o ápice dos castanheiros.
Tudo é difuso e misterioso.
A natureza tem sempre o seu quê de indecifrável. Uma linguagem própria, inacessível, admiravelmente impenetrável.
Um salgueiro dispara em múltiplas direcções, como um jorro de lágrimas fotografado a baixa velocidade.
Bunganvílias pendem indiscretas, contorcendo-se no ar. O que não terão já presenciado?
As heras trepam os troncos, envolvendo-os como amantes enlaçados.
Bancos de jardim; canteiros de amores-perfeitos e imperfeitos. Afinal de contas, o que são estes? O que são aqueles? Ambos selvagens como as aroeiras que espreitam.
Um raio de sol desponta por entre o cinzento carregado das nuvens e, de repente, do chão germina uma imensa e labiríntica sombra. Sombra de encontros e desencontros, de caminhos e descaminhos.
O azul e o rosa das hortênsias ganham outra profundidade, um novo fôlego.
Somos muito pouco - se é que somos alguma coisa - aqui, esta manhã, neste jardim.
25 novembro 2010
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2 comentários:
Jardim de emoções suspensas de lágrimas e risos...abraços e afastamentos,segredos contados dispersos pelo vento, envoltos na neblina do tempo !
Um jardim...entre muitos jardins...denominador comum...Segredos!
Gosto em especial deste jardim!Os castanheiros remetem para uma infância dourada de folhas outonais da beira, onde o cheiro das lareiras se confunde com o vermelho das folhas, que só conheço daquele recanto! É de facto, uma árvore possante, onde o frio não entra, nem mesmo na "casinha das castanhas", que por dentro, com pele macia/aveludada protege e deixa crescer o fruto!
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