07 outubro 2006

Uma bela passeata I

Teve ontem lugar mais uma épica jornada empreendida pelo grupo excursionista "Os Pastelões de Belém".
A aventura foi, como não podia deixar de ser, superiormente liderada pelo grande mestre da orientação pedestre J. F.. Este ilustre caminheiro não cessa de surpreender. Vejam lá que ele até sabe quando é que determinado caminho está encerrado só porque a dona do terreno está com os azeites e iça a placa de "propriedade privada". Tem tudo apontadinho numa agenda, até os dias em que o gado bravo anda à solta e que o Ti Gervásio, que é curto de vista, sai de manhã para a caça, largando cartuxadas a tudo o que mexe. Enfim... um espanto!
A caravana era assim constituida por cinco bravos elementos que, em cerca de sete horas, parando em todas as estações e apeadeiros, (com direito a observações de carácter ornitológico e dissecação visual de um pequeno coelho bravo), com 2 escalas para a bucha e assistência médico-medicamentosa, calcorrearam 21 kms entre a Serra do Louro e a Serra de S. Francisco, na região de Palmela, no Parque Natural da Arrábida.
Embora o signatário já tivesse percorrido aquelas paragens em três ou quatro ocasiões anteriores, este percurso é sempre muito bonito de se fazer pela grande multiplicidade de motivos de interesse: As vistas panorâmicas para norte (até Lisboa) e para sul (Tróia e areais brancos que se espreguiçam em meia-lua até Sines) são de fazer perder o fôlego; os moinhos de vento; os sítios arqueológicos; a flora estonteante na sua diversidade onde, sobre os pequenos pontilhados de côr dados por mirtilhos, amoras silvestres, medronhos, arrudas, bocas-de-lobo e lírios, reina implacavelmente o verde esplendoroso dos pinheiros mansos que, como ontem alguém dizia, polvilham as encostas como pompons.
Depois há sempre algo mais a reter destas passeatas: o que diz respeito ao aspecto humano. São as amizades que se estreitam e consolidam, as cumplicidades que se criam e o espírito de solidariedade e entreajuda que se fortalece.
Enfim... embora os meus pés gemam que não, amanhã estava lá outra vez.
Para quem ficar interessado em conhecer mas não tenha quem conheça os trilhos, fiquem a saber que existem passeios organizados. Deixo-vos com quatro sugestões: Uma, duas, três e quatro.

PS: Esta é uma piada particular só para os intervenientes no passeio:
Já alguma vez tinham feito um percurso com direito à descoberta de que uma mesa para merendas deverá ser, afinal de contas, um altar de rituais ligados a questões de fertilidade?
E com igual à vontade pergunto, se alguma vez na vida tinham imaginado vir a assistir à cena absolutamente surreal de ver um troll da mitologia escandinava, sair do interior de uma capela cristã de meados do século XVIII, embrulhado numa toalha turca?
Nunca, jamais em tempo algum!

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é.

Quando um grupo de pessoal tão fantástico quanto este decide passar um dia num local tão ítico quanto a Arrábida,

a magia acontece.

J.F.

Pirolito disse...

Pois é! Uns passeiam enquanto os outros trabalham...
Sortudos!

 

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