O riso é a mais útil forma da crítica, porque é a mais acessível à multidão. O riso dirige-se não ao letrado e ao filósofo, mas à massa, ao imenso público anónimo. É por isso que hoje é tão útil como irreverente rir das ideias do passado: a multidão não se ocupa de ideias, ocupa-se das fórmulas visíveis, convencionais das ideias. Por exemplo: o povo em Portugal, nas províncias, não é católico - é padrista: que sabe ele da moral do cristianismo? da teologia? do ultramontanismo? Sabe do santo de barro que tem em casa, e do cura que está na igreja.
Eça de Queirós, in 'Carta a Joaquim de Araújo, 25 de Fevereiro de 1878'
16 agosto 2006
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3 comentários:
Sábias palavras
Como em tudo aliás que passa a abstração. Quão longe está a massa anónima na sua conduta das linhas criadoras que estão na base das religiões, movimentos politicos e outros. É-se simpatizante dum partido, religião ou clube por padrismo, padrinhismo ou hábito inquestionado, raramente por convicção inteligente.
Nem mais Caro Charlie. Chego a pensar que a história da "memória genética" arrasta alguma verdade.
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