16 agosto 2006

Casa de bonecas

Portugal não é um país. É uma casa de bonecas!

Fiquei hoje a saber que as comunicações do Estado português, em todas as suas vertentes, se encontram sujeitas a uma completa devassa por parte de quem queira gastar meia-dúzia de tostões.

Basta ter um equipamento, independentemente de se possuir uma licença emitida pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), e a partir daí a lista de escutas é vasta: Polícia de Segurança Pública, incluindo o Grupo de Operações Especiais, Polícia Judiciária, Guarda Nacional Republicana (incluindo as patrulhas da BT), Guarda Fiscal, Guarda Florestal, Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, polícias municipais, serviços da aviação civil e militar, bombeiros e Protecção Civil, Instituto Nacional de Emergência Médica, hospitais, autarquias, controlo de barragens, empresas de segurança privada e de transportes, embaixadas, serviços prisionais, Forças Armadas, bem como empresas consideradas estratégicas (Brisa, Petrogal, EDP , TAP). É só escolher.

Em Portugal, mais do que na maioria dos países europeus, já aprendi que as notícias valem o que valem, pelo menos até ser ouvida a parte visada. Mas é que nem sequer é o caso desta notícia. Embora o Ministério da Administração Interna se tenha recusado a comentar esta situação, fonte do gabinete de António Costa assegurou que "o SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal) será uma rede segura", prevendo-se que, até ao final deste ano, esteja operacional na zona de Lisboa.

Ora isto só pode ser para rir! Esta situação é demasiado grave para que a tutela responsável se tenha saído apenas com um mero "sem comentários!". A segurança nacional é demasiado importante para ser tratada deste modo.

O jornalista responsável pelo artigo também não prestou grande serviço ao país, ao revelar a barbaridade proferida pela tal fonte no gabinete de António Costa. É que na ânsia de expor o ridículo e o irresponsável do presente estado de coisas - que, de facto, o é - acrescentou para terrorista e bandido lerem, que a situação estará resolvida até ao final do ano mas, ainda assim, apenas e só na região de Lisboa.

Como este é um país a brincar, o terrorismo internacional desconhece que existimos. E ainda bem, porque se assim não fosse, a nossa (in)segurança é tão anedótica que seriamos certamente escolhidos para jardim infantil para bombistas e aqui seriam dadas as primeiras aulas de iniciação a atentados.

Sem comentários:

 

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