Nunca se viu tão fantástica unanimidade mediática sobre um projecto de Orçamento de Estado. Os economistas continuam a fingir não entender que alimentam um monstro, autofágico, que já começou a engolir a própria cauda. Sabemos que somos vítimas do PEC, da Europa, da globalização, e do fantástico poder do dinheiro. Mas é lastimável que os nossos maiores carrascos sejam sempre os nossos governantes. Sócrates e as suas pequenas marionetas não têm imaginação, nem capacidade técnica, nem doutrinal ou humana para mais. Já mostraram tudo quanto têm para dar.
Incapaz de gerir as receitas do Estado ou de promover o crescimento económico, Sócrates, para recolher aplausos, refugia-se na política do corte. Sem anestesia, nem transfusões. Por isso se não entende tão grande unanimidade opinativa face às graves agressões deste orçamento. Porque este Governo não avança a direito. Faz umas curvas apertadas. Escolhe as suas vítimas e protege, sem vergonha, as suas melhores clientelas. O alarme de Jorge Coelho é sintomático. As almas de Sócrates, Campos, Pinho e outros ditos ‘governantes’ têm direito a inscrição a ouro no livro de honra da mais detestável das direitas. A que suga a vaca até a matar. Desapiedada. Que se não comove com os mais desfavorecidos e está sempre pronta para os atirar ainda mais para baixo na escala social. Quem se não incomoda em diminuir salários reais, quem agrava a carga fiscal dos reformados e deficientes, quem aumenta descontos para a CGA, quem todas as semanas corta nos medicamentos e na assistência médica e aumenta taxas moderadoras, quem ameaça diminuir 27% nos encargos do Estado com a ADSE, quem (no meio desta tempestade) cria excepções para a Banca oferecendo-lhe, como brinde, um regime de favor no apuramento dos seus impostos, não tem sequer direito a andar na rua de cara descoberta. E provoca náuseas quando insiste em dizer-se socialista. Deus livre os socialistas destes atabalhoados travestis políticos.
No limite, todos os socialistas que se empenhem em devolver alguma dignidade à vida política ver-se-ão obrigados a varrer os impostores e a votar na Direita (única alternativa conjuntural) para salvar as tradições e o bom-nome da Esquerda socialista, a sua cultura e os seus valores. Que são uma realidade histórica a respeitar. E que Sócrates aposta em esfrangalhar. Não é uma política restritiva e de rigor que está em causa. É o facto de essa política ser vesga. Maltratar (e beneficiar) sempre os mesmos. Sócrates massacra os portugueses mais desprotegidos com brutais restrições. Que são imediatas. Efectivas. Actuais. Indignas. E empobrecedoras. E nada oferece em troca senão mentirosas miragens. No que diz respeito à sua política social, este Governo espera que os mais velhos morram depressa e fia-se na adaptação e resignação dos mais novos, que não têm a memória de melhores dias. É este o seu programa.
João Marques dos Santos, Advogado
in "Opinião", Correio da Manhã, 20.10.2006
21 outubro 2006
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2 comentários:
Concordo plenamente! Porque é que esse f**** da p*** não restrutura a assembleia da republica, que tem mais de 1000 funcionários? O exemplo devia vir de cima, não achas?
bfs
Eu começava por ele!
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