17 outubro 2005

Educação em horário nobre


A Sra. Ministra da Educação deslocou-se hoje não sei a que escola (mas para o efeito também não interessa), para uma sessão de apresentação de umas novas provas que para aí inventaram, destinadas a aferir os conhecimentos de matemática dos alunos do 9º ano (salvo erro ou omissão).

Os serviços do Ministério convocaram para o efeito, e com a devida antecedência, toda a Comunicação Social.

Não se tratava de uma cerimónia de corta-fitas com "nariz de folha" (rissóis, croquetes e vinhos espirituosos) mas, como estamos em período entre eleições, ou seja, em época baixa para o show-off político, quem dá o que tem...

Chegada ao local com o atraso da praxe, qual noiva a caminho do altar, a Sra. Ministra deparou com um grupo de Professoras todas vestidas de negro.

Receando ter passado subitamente de noiva a caminho do casamento para defunta a caminho do seu próprio velório, resolveu frustrar as expectativas de todos os presentes e mandar um dos seus esbirros - vulgo "acessores"-, bichanar ao ouvido do Presidente do Conselho Executivo da escola em questão, para avisar os senhores jornalistas que o remanescente da apresentação decorreria à porta fechada, pelo que deveriam abandonar a sala.

Perante os protestos dos jornalistas, que de repente se viram no papel do fura-festas que é posto na rua apesar de acenar desesperadamente o convite, os professores presentes adoptaram uma posição de solidariedade e abandonaram igualmente a sala.

Após o evento, já no exterior do edifício, instada a comentar o sucedido, a Ministra respondeu desconhecer as causas para o sucedido. A situação, em seu entender, terá estado relacionada com a necessidade de não perturbar uma acção lectiva.

Politicamente falando, a Sra. Ministra não tem calo no cú!

Então não sabe que, lectivas ou não, todas as acções são passivas de interrupção? Se não sabe, peça esclarecimentos ao Dr. Seara que em Sintra, e em plena campanha para as autárquicas, adentrou de rompante por um Liceu, interrompeu uma aula de Educação Física, levou as mãos aos fagotes do Professor que lhe chamou a atenção e, de caminho, ainda teve tempo para proferir um ror de impropérios a uma docente grávida que teve a infelicidade de se lhe atravessar no caminho. E lá seguiu ele, em caravana, impávido e sereno, com o seu séquito de apaneleirados de bandeirinha na mão.

Assim é que se porta um político de estirpe*.

Mas o mais engraçado da reportagem televisiva estava reservado para o final: ainda a Ministra vinha ao longe em direcção à saida, quando surge, em passo acelerado, um gigantone - tipo Zé Pereira -, e que era novamente, pasmem, o dito presidente do CE da escola. Dirigindo-se a um grupo de alunos que se encontrava pacificamente junto ao portão, vestiu o seu ar mais bestial e, todo ele o próprio Nosferatu, disparou: "Não quero aqui problemas! Ouviram?" Acto contínuo - sublime transfiguração - meteu uma cara de Farinha Amparo e, fazendo meia-volta à passagem da Ministra, logo articulou uma vénia de tal amplitude que lhe descobriu o alçado posterior da coluna dorsal.

É claro que os putos, mal resignados, lá tiveram que debandar, recolhendo as fisgas nos bolsos e guardando os projécteis de pastilha elástica ressequida para segundas núpcias. Ou melhor, para segundos velórios, porque neste, a defunta safou-se.

*Ascendência; linhagem; raça... assim como a Mirandesa... aquela com um monumental par de cornos.
[Caricatura: DN]

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro blogger! Para além da forma e do conteúdo dos "artigos" com que faz o favor de nos alegrar todas manhãs, este seu exercício é uma forma inteligente de tentar, (tentar, claro) exorcizar uns chifrudos diabos que nos atormentam a existência.
Pena que estes bloggs sejam apenas para uns quantos "iluminados" se reverem e dizerem de si para si (eles)..."subscrevo inteiramente o que este gajo diz".
Sim, porque levantarmo-nos todos os dias e dar de caras com a tremenda ineficácia deste e doutros anteriores governos, com tanta burrice, com tanta imbecilidade, faz-nos pensar ... mas então ninguém vê, ninguém se mexe sou só eu a ter vontade de proferir todos os dias o mantra fatal " Arre Porra Que É DEMAIS"!!!

Anónimo disse...

É tudo uma grande fantuchada, com que diariamente nos deparamos, quando arriscamos a assistir aos Telejornais, é só Desgraça - "o nosso País está quase no no fim da lista no que respeita à Pobreza, ao Desemprego, ao Direito pela Igualdade, etc" muito contrariamente ao que está definido na Declaração dos Direitos Humanos. Por isso e para alegrar as hostes, aqui fica o meu contributo:

Num Juízo de uma pequena cidade, o advogado de acusação chamou a sua
primeira testemunha; uma velhinha de idade avançada e avó.
Aproximou-se da testemunha e perguntou: "Srª Ermelinda, a senhora
conhece-me?
resposta: -Claro que te conheço. Conheço-te desde pequenino e, francamente,
desiludiste-me. Mentes descaradamente, enganas a tua mulher,manipulas as
pessoas e falas mal delas pelas costas. Julgas que és uma grande
personalidade quando nem sequer tens inteligência suficiente nem para ser
varredor. Claro que te conheço.
O advogado ficou branco, sem saber que fazer. Depois de pensar um pouco;
apontou para o outro extremo da sala e perguntou:
-Srª Ermelinda conhece o defensor oficioso? Responde a velhinha:
-Claro que sim. Também o conheço desde a infância. É frouxo, tem problemas
com a bebida, não consegue ter uma relação normal com ninguém e na qualidade
de advogado bem, aí......é um dos piores que já vi. Não esqueço também de
mencionar que engana a mulher com três mulheres diferentes, uma das quais,
curiosamente, é a tua mulher. Sim, conheço-o. Claro que sim.
-O defensor ficou em estado de choque. O juíz, então, pediu a ambos os
advogados que se aproximassem do estrado e com uma voz muito ténue diz-lhes:
-Se a algum dos dois ocorrer perguntar à puta da velha se me conhece
juro-vos que vão todos presos!!!!

Bjcas da Mana

Unknown disse...

A educação está para Portugal, como o fado para os Suecos.
Os Suecos não têm fado, e nós não temos educação!

 

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