Ontem cheguei estourado a casa.
Enchi a banheira de água, puxei para junto de mim a cesta da roupa suja, coloquei-a a servir de mesa de apoio à leitura, e assim fiquei... de molho.
De repente vi-me, qual Cícero na cuba, na eminência da morte, aguardando os últimos estertores da cicuta. E pensei: "mato-me?... naaaaaa! A cicuta está na arrecadação e eu não estou com paciência para sair da banheira".
Além do mais, ficaria sem saber qual dos fenómenos geriátricos vai ganhar as eleições presidenciais.
Ideia puxa ideia e eis-me a congeminar sobre o assunto...
Não conhecendo os programas dos candidatos - dos que já são, dos que vão ser e dos que querem ser mas ainda não sabem -, fiquei a julgá-los pelos respectivos facies.
Mas que cambada de cowboys!
Cada um ao seu estilo, é certo. Não? Vejamos...
Manuel Alegre: É o cowboy romântico. Zangado com todo o faroeste, cavalga só pela planície, escrevendo sobre a beleza do bisonte e do castor.
Cavaco Silva: Ponham-lhe o Jolly Jumper entre as pernas e o rafeiro Rantanplan a seu lado e digam-me lá se não é um clone do Lucky Luke?
Pronto... está bem... a idade pesa e agora já é a sua sombra a ser mais rápida do que ele próprio.
Mário Soares: É o velho Xerife. Sentado na cadeira de baloiço, com a manta sobre os joelhos, a expressão não engana. Ele é a personificação da Lei... do menor esforço. "Roubou um cavalo? Não? Se não roubou... roubasse! Enforca-se na mesma!".
Francisco Louçã: É, decididamente, o missionário que andava pelas ruas de Sin City, com a Bíblia debaixo do braço, a pregar contra os males do mundo e a apelar à redenção. Depois, nas horas vagas, dava umas fumaças na companhia das coristas.
José Maria Martins: É tal e qual o clássico batoteiro das mesas de salloon. Pequenino e de cara anafada, pêra aparada e um corte de cabelo que diz "Ases? Só nas mangas!". Todo ele é um bluff.
Jerónimo de Sousa: Este, decididamente, não é cowboy... é índio.
Digam-me lá se o Jerónimo e o Gerónimo não são a carinha chapada, hein? Apliquem ao primeiro um penteado "risco-ao-meio", ponham-lhe um lenço de ceifeira alentejana ao pescoço e daí resultará um índio em pé de guerra. É homem para incitar as nações índias à revolta.
Porra... é isso mesmo!
Estou farto de cowboys!
Índios ao poder!
20 outubro 2005
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1 comentário:
eheheheh...do melhor.
Só faltam mesmo os irmãos Dalton, mas a continuar assim, pode ser que ainda apareçam!
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